quinta-feira, 25 de maio de 2023

REFUTAÇÃO | VÍDEO DR. RODRIGO SILVA (PARTE DO VÍDEO)

 ANALOGIA DA ÁGUA E DO PEIXE SOBRE SALVAÇÃO E INFERNO



É com respeito que quero refutar a argumentação do Dr. Rodrigo Silva sobre inferno e salvação em parte de um vídeo muito veiculado nas mídias sociais.  Evidenciando uma linha teológica Calvinista. 

Transcrição do vídeo:

A relação entre Deus, inferno, salvação e os seres humanos pode ser ilustrada assim: A água diz para o peixe ficar nela. Então, o peixe pula e sai dela para o lado de fora! Esse peixe vai morrer, não porque a água condenou o peixe à morte, mas sim porque o peixe, ao se recusar a ficar na água, escolheu a morte. Portanto, quando as pessoas escolhem não querer viver em Deus, Deus não as obriga. Deus não intervém de maneira arbitrária, obrigando o homem a algo que ele não quer (você será salvo porque eu quero e pronto). Deus respeita a decisão do homem em morrer condenado com dor no coração. Mesmo que Deus tente fazer de tudo para trazê-lo para dentro da água, se esse peixe se encontrar num estado tão ruim que não tem forças para pular para dentro da água, ele morrerá. O inferno é isso! Ausência absoluta de Deus!

 Essa é uma argumentação baseada em uma teologia arminiana que é sinergista, teologia usada pelos pentecostais e adventistas. Essa teologia enfatiza o livre-arbítrio humano e a participação ativa do homem na salvação. No entanto, há diferentes interpretações teológicas e perspectivas sobre o tema, e é válido explorar uma abordagem calvinista (teologia usada pelas igrejas históricas de cunho reformado), que destaca a soberania de Deus, o poder de Deus em salvar e outros aspectos importantes da teologia calvinista.

 Soberania de Deus e poder de Deus em salvar: A Bíblia afirma repetidamente a soberania de Deus sobre todas as coisas, incluindo a salvação. Por exemplo, Efésios 1:11 declara: "Nele [Cristo] também fomos feitos herança, predestinados conforme o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade". Além disso, João 6:44 afirma: "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia". Esses versículos ressaltam que é Deus quem inicia e realiza a obra da salvação, não dependendo da vontade ou escolha humana.

 Chamado eficaz, predestinação e graça irresistível: A doutrina do chamado eficaz e da predestinação é mencionada em Romanos 8:30: "E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou". Esse chamado é irresistível, pois é efetivo e leva irresistivelmente os eleitos a responderem positivamente ao chamado de Deus. A graça irresistível é uma manifestação do poder de Deus para superar a resistência humana à salvação, conforme declarado em Efésios 2:8: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isso não vem de vós, é dom de Deus".            Depravação total do homem: A Bíblia ensina que a humanidade está espiritualmente morta e incapaz de buscar a Deus por conta própria. Romanos 3:11 afirma: "Não há quem entenda, não há quem busque a Deus". Esse estado de depravação total impede que os seres humanos escolham a salvação por si mesmos. No entanto, Deus, em sua graça, intervém e capacita os eleitos a responderem ao seu chamado.

 Vontade do homem e a soberania de Deus: A "vontade" do homem não anula a soberania de Deus. Na verdade, a vontade humana está sujeita à vontade soberana de Deus. Embora os seres humanos tenham liberdade de escolha e possam tomar decisões, é Deus quem governa sobre todas as coisas e determina os resultados finais. Sua vontade soberana prevalece sobre todas as circunstâncias e ações humanas.

 A Bíblia nos oferece vários exemplos que demonstram a soberania de Deus sobre a vontade humana. Por exemplo, Provérbios 21:1 afirma: "O coração do rei está na mão do SENHOR como ribeiros de água; ele o inclina a todo o seu querer". Isso indica que mesmo líderes poderosos e suas decisões estão sob o controle e influência de Deus.

 Além disso, vemos exemplos na vida de personagens bíblicos. Por exemplo, o caso de Faraó no Êxodo demonstra a soberania de Deus sobre a vontade humana. Embora Faraó endurecesse seu coração em várias ocasiões, foi Deus quem estava no controle e usou as ações de Faraó para cumprir Seus propósitos (Êxodo 9:12).

 A doutrina da soberania de Deus é defendida por diversos teólogos renomados ao longo da história, como Agostinho, João Calvino e Jonathan Edwards. Eles sustentam que a vontade de Deus não é limitada ou influenciada pela vontade humana, mas sim que Ele trabalha todas as coisas de acordo com Seu plano eterno.

 Portanto, é importante reconhecer que a soberania de Deus está acima da vontade humana, e mesmo quando os seres humanos exercem sua liberdade de escolha (livre agência), é Deus quem governa e dirige os acontecimentos de acordo com Seus propósitos soberanos.

 A Doutrina da perseverança dos santos: A perspectiva calvinista, conforme expressa por teólogos como Louis Berkhof, ensina a doutrina da perseverança dos santos. Isso significa que aqueles que são verdadeiramente salvos por Deus são continuamente guardados e sustentados por Ele, e não podem perder a sua salvação. Isso se baseia na promessa de Jesus em João 10:28: "Eu lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão; e ninguém as arrebatará da minha mão".

 Portanto, é importante reconhecer que a teologia calvinista apresenta uma perspectiva diferente da teologia arminiana, enfatizando a soberania de Deus na salvação, o chamado eficaz, a predestinação, a graça irresistível e a depravação total do homem. Essas doutrinas têm base bíblica e são reforçadas por renomados teólogos, como John Calvin, Charles Spurgeon e Louis Berkhof, que defendem a supremacia de Deus na obra da salvação.

 No que diz respeito à imensidade de Deus, devemos lembrar que Ele está presente em todos os lugares e que Sua justiça também é manifesta no inferno. Deus é completamente justo e não pode tolerar o pecado. O Salmo 139:7-8 nos lembra: "Para onde me irei do Teu Espírito, ou para onde fugirei da Tua face? Se subir ao céu, Tu aí estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que Tu ali estás também". A ausência absoluta de Deus no inferno anula a doutrina da imensidade de Deus. Não há lugar em que Deus não esteja!

  Que possamos buscar a verdade nas Escrituras, crescer em nosso conhecimento de Deus e, acima de tudo, viver uma vida de amor e serviço a Ele e aos nossos semelhantes, reconhecendo que Ele é o Senhor de tudo e a fonte de toda a salvação.

Citações que reforçam os argumentos acima.

Agostinho de Hipona (354-430, Era Medieval):

Sobre a soberania de Deus e a salvação: "Deus não nos escolheu por causa de alguma coisa em nós, mas nos escolheu para que algo pudesse ser feito em nós" (Sermão 169).

Sobre a depravação total do homem: "O homem, por si só, está morto e, por isso, ele não pode crer em Deus; mas, ao ser capacitado por Deus, ele crê" (Enchiridion 29.109).

João Calvino (1509-1564, Era Reformada):

Sobre a soberania de Deus e a chamada eficaz: "Os eleitos são levados a fé não apenas pela persuasão externa, mas são internamente tocados pelo Espírito Santo, que os atrai a si mesmo" (Institutas da Religião Cristã III, 2, 11).

Sobre a perseverança dos santos: "Aqueles que Deus predestinou para a vida eterna, Ele, sem falta, trará à comunhão com Cristo, e lhes dará a perseverança, até que cheguem à perfeição" (Institutas da Religião Cristã III, 24, 4).

Jonathan Edwards (1703-1758, Era Moderna):

Sobre a graça irresistível: "A graça irresistível consiste nisso: Deus, quando opera graça salvadora no coração de alguém, de modo algum é resistido por aquela pessoa" (Liberdade da Vontade).

Sobre a soberania de Deus: "A soberania de Deus é a posse e o exercício de todo o controle sobre o universo" (A Natureza da Verdadeira Virtude).

Charles Spurgeon (1834-1892, Era Moderna):

Sobre a soberania de Deus na salvação: "Não sou um calvinista porque li Calvino, mas porque encontrei a doutrina da graça no meu próprio coração" (Sermon Illustrations, Vol. 4).

Sobre a perseverança dos santos: "Aqueles que Deus justifica, Ele santifica, e aqueles que Ele santifica, Ele glorificará" (Spurgeon's Sermons, Vol. 6).

Tomás de Aquino (1225-1274, Era Medieval):

Sobre a soberania de Deus: "Deus governa todas as coisas e todas as coisas estão sujeitas à sua vontade" (Summa Theologiae, I, q. 22, a. 2).

Sobre a predestinação: "Deus predestina certas pessoas para a vida eterna, não por causa de alguma coisa neles, mas devido à sua bondade" (Summa Theologiae, I, q. 23, a. 3).

Martinho Lutero (1483-1546, Era Reformada):

Sobre a graça irresistível: "A salvação é da iniciativa de Deus do início ao fim, e nenhum ser humano pode resistir ao poder de Deus quando Ele o chama" (Bondage of the Will).

Sobre a perseverança dos santos: "Aqueles que são verdadeiramente salvos por Deus nunca perderão a salvação, pois a obra de Deus em suas vidas é eterna" (Comentário sobre a Epístola aos Romanos).

John Wesley (1703-1791, Era Moderna):

Sobre o chamado eficaz: "Deus chama todas as pessoas à salvação, e aqueles que respondem positivamente ao chamado de Deus são capacitados pela graça para perseverar até o fim" (Sermon on Free Grace).

Sobre a vontade humana e a soberania de Deus: "A vontade humana tem liberdade para escolher, mas é a graça de Deus que capacita e leva os indivíduos a fazerem a escolha correta" (The Doctrine of Original Sin).

Karl Barth (1886-1968, Era Moderna):

Sobre a soberania de Deus: "Deus é completamente livre e soberano em sua ação e não está limitado por nada além de si mesmo" (Church Dogmatics).

Sobre a graça irresistível: "A graça de Deus é eficaz e irresistível em sua ação, capacitando os indivíduos a responderem positivamente ao chamado de Deus" (Church Dogmatics).


Com respeito e amor,

Pr. Camilo

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Devocional - Rev. Camilo

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